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Brigas por herança: Entenda como um bom acordo é o caminho mais Inteligente

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advogada em curitiba para inventários

Assim nascem os inventários que duram anos.

“Faz mais de oito anos que meu pai morreu e nada foi resolvido. O apartamento está fechado, o imóvel rural abandonado, os veículos de deteriorando e meus irmãos mal se falam. Cada um tem uma opinião. Eu só queria resolver logo, mas me sinto travada, sem saber por onde começar.”

 

Essa é a voz de milhares de pessoas que atravessam inventários longos, emocionalmente exaustivos e patrimonialmente prejudiciais. Inventários, quando mal conduzidos, deixam marcas profundas nas relações familiares.

E a verdade é simples: a maioria dos herdeiros não deseja ficar anos, décadas, enfrentando processos litigiosos, sem usufruir do que lhe é de direito.

 

Geralmente, a tensão entre herdeiros nasce de algo que, à primeira vista, pode parecer pequeno para quem observa de fora — mas que carrega um peso enorme para quem sente.

Depois que o patriarca ou matriarca f@lece, feridas antigas encontram, na partilha dos bens, um palco para finalmente se expressar: A lembrança de quem cuidou sozinho dos pais. A cobrança de que um irmão sempre recebeu mais, foi mais protegido, mais ouvido. A frustração com quem exige além do razoável. O incômodo com quem ignora limites e toma decisões sem consultar ninguém.

 

Esses incômodos são legítimos. Precisam estar em pauta, não descartados. Porque só quando se reconhece a dor, é possível negociar com clareza. E o que poderia ser resolvido com diálogo e boa condução vai se tornando um emaranhado de ressentimentos, silêncio e processos parados.

 

O apartamento fica fechado, sem uso, acumulando poeira e IPTU. O carro permanece na garagem como um símbolo de impasse. As contas bancárias seguem bloqueadas, enquanto as dívidas do espólio crescem. E, em muitos casos, um dos herdeiros já ocupa um imóvel comum como se fosse seu, sem que os demais tenham sequer autorizado.

 

A negociação para a venda de um bem emperra porque ninguém concorda com o valor justo ou com a partilha do montante. O medo de ser passado para trás, somado às feridas antigas, transforma qualquer proposta em motivo de nova discórdia.

Enquanto isso, o tempo passa. Por isso é comum sabermos de inventários que duram mais de 20 anos.

 

A verdade é que processos longos não apaziguam dores antigas, apenas as aprofundam.

É por isso que, cada vez mais, a solução passa pela formalização de um acordo.

Não um acordo apressado ou informal, em que todos precisam ceder, mas uma composição estruturada, onde as partes percebam os seus ganhos e perdas.

 

A cultura do litígio e o desafio do consenso

Muitos advogados e herdeiros sequer cogitam a possibilidade de um acordo. É compreensível.

Quando há mágoa acumulada, cada tentativa de conversa pode parecer armadilha, e não convite sincero ao diálogo.

Mas é preciso entender: uma ligação apressada ou a troca de mensagens pelo celular não são ambientes adequados para negociar. E muito menos podem ser tratadas como uma verdadeira tentativa de composição.

 

É comum que, ao nos procurar, o cliente diga com firmeza: “Já tentamos de tudo. Já tentamos todos os acordos possíveis.” Mas, com o devido cuidado, percebemos que o que houve foram tentativas unilaterais de convencer o outro — não de construir algo em comum. Muitas vezes, o que se chama de “tentativa de acordo” é, na prática, uma sequência de exigências lançadas com a esperança de que o outro simplesmente ceda. O diálogo real exige mais: exige escuta, método e disposição para sair da própria posição e enxergar o conflito com perspectiva.

 

Há, sim, uma resistência natural — e até previsível — quando estamos lidando com relações familiares marcadas por silêncios antigos, desigualdades veladas e afetos mal resolvidos. A partilha dos bens, nesses casos, é apenas a superfície. Debaixo dela, estão camadas de histórias que não cabem nos autos.

 

E, do lado profissional, também há um despreparo que precisa ser reconhecido. Na formação jurídica tradicional, os advogados foram treinados para litigar, endurecer, convencer juízes — não para compor, escutar ou traduzir intenções em soluções partilhadas.

Por isso, conduzir acordos verdadeiros em inventários litigiosos não é improviso: é técnica.

E quando bem conduzido, o acordo não representa uma renúncia. Representa um encerramento digno e justo.

O litígio tornou-se o caminho automático — mas não o mais inteligente.

Negociar em contextos de herança requer escuta treinada, presença firme, domínio técnico e, sobretudo, método. O segredo para realizar acordos em inventários e partilhas litigiosas é quebrar resistências, superar amarras mantidas por ressentimentos antigos e estruturar intenções, de forma respeitosa, transparente e segura.

Quando conduzido com técnica e respeito, o acordo deixa de ser uma concessão sofrida e passa a ser uma libertação possível.

 

O acordo como ferramenta estratégica no inventário

O acordo entre herdeiros é eficaz pois permite, de forma consensual, a definição sobre o destino dos bens, a divisão de valores e a gestão compartilhada ou alienação de patrimônio.

Pode ser utilizado para:

  • Delimitar o uso e a posse provisória de bens indivisos;
  • Autorizar a venda de um bem específico para pagamento de ITCMD, honorários e demais despesas do inventário;
  • Antecipar a partilha amigável, mesmo em inventário judicial;
  • Regularizar situações informais que geram insegurança para os herdeiros.

Esse tipo de composição, quando bem conduzida, preserva o vínculo entre os herdeiros e evita a destruição do patrimônio pela inércia ou litígio.

 

Métodos adequados para construção de acordos em herança.

A condução de um acordo entre herdeiros exige mais do que boa vontade. É necessário um processo estruturado, seguro e capaz de acolher tanto os aspectos jurídicos quanto os emocionais envolvidos. Métodos adequados para esse tipo de composição contemplam algumas etapas fundamentais:

Análise técnica do espólio e do perfil dos herdeiros

Antes de qualquer proposta, é indispensável compreender a estrutura do patrimônio envolvido, eventuais pendências fiscais ou documentais, e também o perfil de atuação e relação entre os herdeiros. Um mapeamento cuidadoso evita abordagens genéricas e possibilita soluções realistas, aplicáveis ao caso concreto.

Notificação formal e convite à composição

Diferente de mensagens informais ou tentativas improvisadas de conciliação, a notificação formal convida todos os herdeiros a participarem de um processo organizado de composição. Esse gesto, quando bem redigido, demonstra seriedade, abre espaço para o diálogo e previne a percepção de que uma das partes está agindo de forma unilateral.

Reuniões com escuta qualificada e mediação estruturada

Em um ambiente seguro e respeitoso, as partes são convidadas a expor suas percepções, expectativas e preocupações. A escuta ativa e a mediação com linguagem clara são cruciais para identificar zonas de acordo e pontos sensíveis que exigem tratamento técnico ou simbólico. Mais do que ouvir, é preciso interpretar o que está sendo dito — e, muitas vezes, o que está sendo calado.

 

Os riscos de acordos informais ou mal conduzidos

Quando a condução de um acordo entre herdeiros ocorre sem o devido rigor técnico, os riscos não são apenas prováveis — são quase certos. A ausência de estrutura, de linguagem jurídica adequada e de compreensão das implicações patrimoniais e fiscais pode comprometer seriamente a validade do pacto firmado.

 

O que se imaginava como solução definitiva pode, em pouco tempo, se revelar o início de um novo conflito.

Dentre as consequências mais recorrentes observadas em acordos mal redigidos ou informalmente estabelecidos, destacam-se:

Partilhas desiguais ou juridicamente frágeis, que podem ser contestadas posteriormente, gerando novas disputas;

Problemas fiscais, como autuações por omissão de bens ou valores, especialmente em acordos que envolvem venda informal de imóveis do espólio;

Compromissos considerados nulos ou inexequíveis, pela ausência de forma legal adequada ou pela inclusão de cláusulas inválidas;

Reabertura de discussões judiciais, mesmo após aparente resolução, por falhas na formalização ou pela insatisfação de uma das partes.

Evitar esses riscos não depende apenas de intenção conciliatória, mas de estrutura, técnica e seriedade no tratamento do conflito.

 

CONCLUSÃO

A possibilidade de um acordo entre herdeiros, especialmente em inventários ou partilhas marcadas por litígio, raramente se revela plenamente viável na primeira reunião — nem na segunda ou terceira. A disposição para o diálogo, nesses contextos, não surge de forma imediata. Ela precisa ser construída, cultivada com escuta, paciência e técnica. E, mesmo quando um “sim” finalmente é pronunciado, o trabalho ainda não terminou.

 

Porque um verdadeiro acordo não se encerra na aceitação. Ele só se completa quando é compreendido por todos, acolhido em sua totalidade e transformado, com precisão, em um instrumento juridicamente eficaz. Nesse processo, o que está em jogo não é apenas a divisão de bens, mas a possibilidade de concluir — com dignidade e segurança — uma etapa importante da vida familiar.

 

A atuação do advogado, nesse cenário, é a de quem traduz intenções em soluções, viabiliza pontes onde antes havia apenas ruído e conduz, com técnica e empatia, um processo que permita não apenas a partilha de bens, mas, em muitos casos, o fechamento de ciclos familiares que jamais se encerrariam no litígio.

 

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O escritório Fabiana Mendes Advocacia é dedicado à condução estratégica de inventários, partilhas de bens e resolução de conflitos entre herdeiros. Com sede no centro de Curitiba/PR e atuação online em todo o território nacional, por meio de processos eletrônicos e atendimentos por videoconferência, o escritório tem se consolidado como referência na área de Sucessões.

 

A atuação é liderada pela advogada Fabiana Mendes, profissional com mais de 12 anos de experiência, professora de Direito Imobiliário e especialista em Direito das Sucessões, Planejamento Patrimonial e Matrimonial. Ao longo de sua trajetória, desenvolveu uma abordagem que alia conhecimento técnico, escuta qualificada e sensibilidade para lidar com as complexidades emocionais presentes nos conflitos familiares.

 

A advogada auxilia herdeiros a transpor litígios que versam sobre heranças, construindo soluções consensuais seguras e eficazes. Os atendimentos são pautados em três pilares fundamentais: Especialização técnica em acordos envolvendo herança, com domínio jurídico e sensibilidade na condução de negociações delicadas; Mediação com escuta ativa e linguagem acessível, que favorece a reconstrução do diálogo e a composição de interesses divergentes.

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